De tempos em tempos, o trading muda. Por volta de 2014, quando a atividade ainda era pouco conhecida no Brasil, a maioria dos traders profissionais da Betfair costumavam trabalhar “escalpando” o mercado. Ou seja, abrindo e fechando posições num curto espaço de tempo.
Passaram-se os anos e uma boa parcela destes mesmos traders mudou a forma de trabalho para algo mais próximo do swing trade, com exposições mais longas. Pelo fato de serem influenciadores do segmento, acabaram levando todo o mercado consigo. Isso significa que o mercado mudou? Ainda é possível fazer scalping? Se é possível, como fazer?
Como era o mercado quando tudo era mato?
Quem conviveu com pais e avós já ouviu a frase “isso aqui no meu tempo era mato”. Em 2014 era assim. Mato. Em especial aqui no Brasil, onde os ditos “grandes traders” faziam LTD com proteção no 0x0. Mas nem tudo era ruim: havia também excelentes traders, em especial fora do Brasil.
Muitos portugueses já trabalhavam de forma profissional. Foram eles, afinal, que nos ajudaram a construir o que temos hoje. Figuras como Paulo Rebelo, Rui Maria Morgado, Rapast, André Reis, Cacumba, Piririu, Roberto Teixeira, David Marques, Fabiula, Bernardo e vários outros foram fundamentais para o nosso desenvolvimento no mundo das apostas e do trading – aqui vai também o meu agradecimento especial a todos eles.
Em comum, o fato de que a maioria deles “escalpava” o mercado. Como essa era a técnica mostrada nos blogs e fóruns, começamos a copiar para tentar alcançar a consistência. Nesta época, o bom mercado era aquele que “pisca”. No geeks, software de trading utilizado pela maioria, quando existe uma correspondência, seja ela em odds acima ou abaixo, o mercado “pisca”.
Quanto mais ele piscasse, mais oportunidades teríamos para que as nossas stakes fossem correspondidas facilmente, trazendo assim um bom retorno financeiro. Mesmo nos mercados direcionais, aqueles que só sobem ou só descem, era comum dividir uma stake em 3, 4 ou até 5 partes e tentar buscar várias oscilações em um pequeno range de odds. Em suma, trabalhávamos de uma forma muito mais financeira, fazendo leitura gráfica e analisando o mercado.
Como o mercado é na atualidade?
O tempo passou e os Enzo’s começaram a criar suas contas na Betfair. Os traders que abriram picada e transformaram mato em terra pronta para o plantio envelheceram. Nos tornamos mais preguiçosos, mas também mais experientes.
Aos poucos fomos notando que poderíamos trabalhar menos e ganhar mais se escolhêssemos melhor as partidas. Portanto, ao invés de dar mais de 200 cliques e passar os 90 minutos grudados na ladder, bastaria uma entrada bem feita para que a rentabilidade da atividade fosse maior, mais estável e mais escalável.
Quem já é consistente influencia quem ainda é novato. Desta forma, assim como nós fomos influenciados pelos tugas, a nova geração começou a repetir as nossas práticas. Como resultado, o mercado pisca menos (embora ainda pisque bastante) e as apostas que seguem uma tendência direcional ganharam espaço e visibilidade. O que antes era chamado de “puntrader” hoje é trading. O que antes era chamado de trading, hoje é scalping.
Ainda é possível fazer scalping?
Sim! Como dito no tópico anterior, o mercado ainda pisca. Em algumas ligas, pisca bastante! Nas ligas maiores o mercado é mais direcional, mas em ligas menores — como as ligas sul-americanas, MLS, ligas europeias de menor expressão, etc — ainda há muita correção, gente despreparada e desespero.
Com menos informação, maior delay e menos preparo, os operadores costumam comprar a qualquer preço (e vender pior ainda). Isso, afinal, faz com que o mercado faça diversas correções em intervalos curtos de odds, como por exemplo entre @1.80 e @1.90.
Nesta situação, “escalpar” pode ser uma boa estratégia. O scalping também é muito utilizado nos mercados de Under Goals, e o mesmo conceito se aplica aqui. Então, sim, ainda é possível fazer scalping.
Como fazer scalping na Betfair?
Para que você consiga executar esta técnica, vamos então dar algumas dicas. Será necessário segui-las à risca se quiser ter sucesso. Se você tiver mais alguma, deixa para a gente nos comentários, beleza? Bom, vamos lá!
Identifique a direção
Nas match odds, se as odds de “Time A” e “Time B” estão subindo, o empate tem que descer. Nos unders, se o dinheiro em lay começa a sumir, a odd do under tem que descer. Faça sempre essa pergunta: para onde o mercado está apontando?
Note que nem sempre a lógica funciona, pois existem mercados de under que permanecem estáticos por muito tempo. O mesmo acontece nos outros mercados. Se não há direção clara, não faça nada.
Identifique o risco
Em muitos casos há uma direção clara, mas o risco é grande. O trader de sucesso é aquele que consegue fazer o máximo com o menor risco. Como exemplo, poderíamos citar os jogos com Super Favoritos (aqueles que começam com odds abaixo ou por volta de @1.40) em que a partida está empatada na parte final.
O mercado certamente terá uma direção: odd do Super Favorito sobe, do underdog fica estável (ela só sobe no finzinho do jogo) e do empate desce. “Escalpar” a odd do Super Favorito é o ideal se levarmos em conta a direção, mas talvez seja má ideia caso a equipe esteja muito superior em campo. Em resumo, só faça quando o risco for pequeno, e o retorno for satisfatório.
Escolha bons mercados
Você precisa escolher um mercado com boa fluidez. O quanto já foi correspondido não importa! O que você deve levar em consideração é, afinal, a quantia de dinheiro sendo transacionada naquele momento. Se o mercado vai e volta, você terá mais possibilidades de corresponder várias stakes e fazer uma grande porcentagem em um pequeno intervalo de odds.
Escolha bons jogos e campeonatos
Busque jogos “de segunda linha” e opte por trabalhar onde há pessoas menos experientes e maior probabilidade de erro ou engano. Campeonato Argentino, Mexicano, Brasileiro, MLS, Libertadores, Copa do Brasil, Campeonato Austríaco, Dinamarquês e segundas divisões costumam dar boas oportunidades.
Tamanho da stake
De nada adianta colocar o dinheiro no mercado e demorar para entrar ou sair. A ideia do scalper é ser invisível no mercado. A lógica é simples: quanto mais dinheiro houver na ladder, maior poderá ser a sua stake. Você precisará de agilidade e, quanto menos utilizar, melhor.
É plantando que se colhe
Você precisa ser o primeiro — ou um dos primeiros — a ser correspondido. Quanto antes entrar, antes sairá. Dividindo a sua stake em algumas partes você pode plantá-las no mercado e fazer com que o tempo de resposta seja menor, aproveitando mais as oscilações e correndo menos riscos.
No entanto, preste atenção na direção! Se o mercado está apontando para a subida, você precisa que o lay seja correspondido primeiro. Se o mercado aponta para a descida, precisa que o back seja correspondido primeiro.
Utilize freebets
Se o mercado tem direção, velocidade e o risco é baixo, vá construindo freebets na direção correta. Por exemplo, se você está trabalhando o scalping nos unders e o mercado claramente está pronto para desabar, as equipes sequer conseguem chutar a gol e o seu risco é leve, faça “back/lays” com stake e potencialize os seus lucros.
Cash-out quando estiver satisfeito
O mercado não é um restaurante de preço único em que você serve no prato o quanto quer. Em algum momento ele vai travar. Em outros, pode haver mudança na direção. O risco pode aumentar. A sua stake pode “assustar” o mercado. O jogo pode ficar ruim. Tudo pode acontecer!
Está satisfeito ou o mercado não está favorável? Cash-out neles! Haverão jogos em que você fará 10%, 20%, 50% com facilidade. E há mercados que, para alcançar os 5%, você vai precisar suar muito. Escolha os mais fáceis e abandone o barco quando houver indícios de que ele pode afundar.
O scalping é para você?
Para finalizar esse artigo eu te faço essa pergunta: o scalping é para você? Você terá paciência, disponibilidade de tempo, disciplina e dedicação para executar a estratégia dentro das regras? Se sim, vá fundo! Ainda há muito espaço pra lucrar com scalping. A resposta para as perguntas anteriores é não? Fique tranquilo, existem diversas formas de fazer dinheiro no trading esportivo.