No universo das apostas esportivas, muito se fala sobre gestão de banca, leitura de jogo e metodologia. Mas existe um elemento silencioso — e decisivo — que determina o futuro de qualquer apostador: o controle emocional.
Durante uma entrevista ao Buteco do Clubão, o psicólogo Rafael Ávila, especialista em vícios e comportamento, explicou por que a emoção é tão determinante no desempenho de quem aposta e como ela pode ser trabalhada de forma prática.
Este artigo reúne os principais pontos trazidos por ele para ajudar apostadores a desenvolverem equilíbrio, reduzir impulsividade e evitar comportamentos que levam ao risco de ludopatia.
Afinal, o que significa “controle emocional” nas apostas?
Rafael Ávila começa derrubando um mito:
não existe “controle da emoção”, e sim controle do comportamento a partir da emoção.
A pessoa não escolhe sentir tristeza no red nem escolher ficar eufórica no green. Sentimentos acontecem — o que muda é o comportamento que vem depois.
“Ninguém acorda e escolhe estar feliz ou triste. O que podemos escolher é o comportamento diante da emoção.”
Isso significa que tentar “não sentir” algo é inútil. O verdadeiro controle emocional está na capacidade de não deixar que emoções determinem ações impulsivas, como aumentar stakes após um green ou tentar recuperar um red imediatamente.
O problema da euforia no green — e da tristeza no red
Segundo Rafael, um erro comum é acreditar que apenas a tristeza por perder é um sinal de descontrole. Na verdade, a euforia também é perigosa, pois as duas emoções vêm do mesmo lugar.
“A euforia e a depressão de um green ou de um red são a mesma moeda. Não dá para querer sentir uma sem sentir a outra.”
Quanto mais o apostador vibra com ganhos momentâneos, maior a chance de reagir de forma desproporcional às perdas — criando um ciclo emocional que enfraquece a racionalidade necessária para apostar.
O maior erro: deixar que as apostas determinem seu dia
Rafael é categórico:
o seu dia não pode ser definido pelo resultado das apostas.
Isso inclui:
- Mudar seus planos por causa de um red
- Sair para comemorar um green impulsivo
- Deixar de socializar quando perde
- Vincular seus sentimentos ao desempenho diário no mercado
Ele explica que, quando a vida do apostador gira em torno do green e do red, cria-se um vínculo emocional tóxico com a atividade.
“Se o dia foi bom, você comemora. Se foi ruim, você sofre. Quando você mistura isso com sua rotina, vira uma receita para o desastre.”
Separar o cotidiano das apostas é essencial para evitar comportamentos de risco e, principalmente, para prevenir a ludopatia.
A regra de ouro: o seu plano do dia nunca muda por causa das apostas
Este é um dos ensinamentos centrais de Rafael Ávila:
a rotina deve ser imutável, independentemente do resultado.
Exemplos práticos:
- Se você planejou jantar fora, vá — mesmo após um red.
- Se não planejou comprar nada, não compre só porque acertou uma múltipla.
- Se marcaria um futebol com amigos, vá — sem deixar o humor do trade interferir.
Isso evita que o cérebro associe o jogo a recompensa imediata (ou punição), uma das raízes comportamentais dos vícios.
Grandes mudanças só acontecem no longo prazo — nunca no dia
Quando alguém tem um mês excelente, trocar um móvel, ajustar a vida financeira ou planejar uma viagem é normal. Mas fazer isso motivado por um único green vira um gatilho emocional perigoso.
Por isso, Rafael alerta:
“O problema não é usar o dinheiro das apostas. O problema é quando você reage emocionalmente ao resultado do dia.”
Apostas são de longo prazo. As emoções do curto prazo são apenas ruído.
Como ter controle emocional na prática?
Aqui estão alguns princípios trazidos pelo psicólogo:
1. Não vincule emoção ao comportamento
Se o green te faz agir de um jeito e o red te faz agir de outro, o controle já foi perdido.
2. Mantenha sua rotina intacta
Apostar não pode interferir em lazer, estudos, relacionamentos ou obrigações.
3. Evite presentes impulsivos após um green
Isso reforça o ciclo emocional perigoso.
4. Não se puna em dias ruins
Ficar isolado, triste ou evitando contato social é um sinal vermelho.
5. Aceite as emoções — sem deixá-las te comandar
Sentir tristeza ou alegria é natural. O importante é não agir no impulso.
Conclusão
O controle emocional nas apostas esportivas não é sobre “ser frio” ou “não sentir nada”, mas sobre não permitir que emoções determinem ações.
Como explica Rafael Ávila:
“O dia é normal. Minha vida é independente das apostas. Green e red não decidem se meu dia será bom ou ruim.”
A verdadeira habilidade emocional do apostador está em construir uma rotina estável e saudável — onde as apostas são apenas parte do dia, e não o que define quem ele é.
Se você sente que suas emoções têm dominado seus resultados, talvez este seja o momento ideal para rever hábitos e buscar equilíbrio antes que o jogo se torne um problema.
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Perguntas frequentes sobre controle emocional nas apostas esportivas
Como saber se estou perdendo o controle emocional nas apostas?
Quando o resultado do dia altera seu humor, sua rotina ou suas decisões—como deixar de sair, mudar planos, gastar impulsivamente após um green ou buscar recuperar losses imediatos—já há sinais de descontrole emocional.
Controlar emoções significa não sentir nada ao ganhar ou perder?
Não. Como explica o psicólogo Rafael Ávila, emoções não são controláveis. O que se controla é o comportamento após sentir alegria, tristeza ou frustração. O equilíbrio vem de agir de forma estável, mesmo quando as emoções variam.
Como evitar que um red me afete negativamente?
Mantenha sua rotina inalterada. Se você tinha um jantar, um treino ou um encontro marcado, vá. Isso impede que o cérebro associe o red a punição e ajuda a quebrar o ciclo emocional que leva ao comportamento impulsivo.
A euforia após um lucro nas apostas espotivas também é um problema?
Sim. Segundo Rafael Ávila, euforia e tristeza são “duas faces da mesma moeda”. Quanto mais você se exalta com os greens, maior será o impacto emocional dos reds. O equilíbrio exige abrir mão dos extremos.




