Olá, meus amigos apostadores!
Essa semana fui convidado a dar uma entrevista para o Jornal Estadão, em um bate-papo de 15 minutos com o jornalista Wellington Carvalho, contando também com a participação de Frederico Miranda, do site Doentes por Futebol. Conversamos sobre apostas no futebol, apostadores e principalmente sobre o cenário do gambling no Brasil nesses tempos de Copa do Mundo, atraindo mais do que nunca o interesse e a curiosidade sobre esse mundo ainda bastante desconhecido e visto com algum preconceito por parte de quem está de fora.
Dos 15 minutos que ficamos na linha conversando, menos de 1 minuto foi aproveitado na matéria. Ainda bem que não chamei mãe, pai, vó, esposa, cachorro e papagaio para ficar na frente do rádio, estariam todos decepcionados uma hora dessa. :) Mas, tudo bem! Afinal, era uma notícia rápida de pouco mais de 2 minutos, falando do assunto apenas superficialmente para quem ainda não foi apresentado a um site de apostas, como “quais as seleções favoritas para levantar a taça”, “apostas em zebras”, “palpites nos artilheiros”, e por aí vai.
Se você estiver com 2 minutinhos sobrando, separei a matéria “Brasil se consolida como favorito nas bolsas de apostas para a conquista do Mundial” para que você desse uma conferida, dá uma olhada:
O crescimento das apostas no Brasil
Depois de encerrarmos a conversa, fiquei refletindo por algum tempo nessa situação: de fato, o interesse pelas apostas online tem crescido bastante no Brasil. A idéia desse artigo é dissecar um pouco o porquê disso e trazer uma reflexão e até mesmo uma discussão de estarmos aqui nesse momento compartilhando um interesse em comum, seja eu escrevendo esse artigo, ou você o lendo nesse momento. Afinal, você já pensou, um minuto que seja, sobre a razão do seu interesse pelas apostas online?
Dos vários fatores que explicam isso, a sociologia e a psicologia poderão nos ajudar bastante. Mas, calma! Farei o possível para que esse texto seja o mais prazeroso possível e que nos traga algumas respostas interessantes. =)
O interesse pelas apostas aumentou
Eu poderia te falar agora por argumentos bastante subjetivos que o interesse em se apostar aumentou nos últimos anos, poderia lhe dizer, por exemplo, que os sites de apostas que oferecem os seus serviços aos brasileiros aumentaram de maneira exponencial: em 2008 quando tínhamos na Sportingbet e Betboo as nossas principais opções, hoje elas já se estendem para ApostasOnline.com, Bet365, Bet9, Betmotion, Betfair, entre outras tantas que poderiam ser citadas aqui.
Mas, para análises de tendência o nosso amigo Google é um dos melhores para essa tarefas. Através do Google Trends, podemos pesquisar pelo fluxo de pesquisas feitas ao longo dos anos por um determinado termo. Legal, não é mesmo? Veja só o gráfico para as buscas realizadas por “Apostas Online” no Brasil:
Esse último grande crescimento é devido, claro, ao interesse dos brasileiros em dar o seu palpite nos jogos da Copa. Se nesse momento os bolões nas empresas são sempre muito populares, é de se imaginar que um comportamento semelhante aconteça com os sites de apostas também.
Em uma primeira análise, muito provavelmente nós dois concordaríamos de que esse crescimento tem causas também econômicas. O aumento das oportunidades de emprego, assim como a disseminação de computadores mais acessíveis, seja ele de mesa ou portátil, com o maior poder aquisitivo do brasileiro permitem que da mesma forma que ele reserve uma graninha para a sua cervejinha para as rodadas de fim de semana do Campeonato Brasileiro, ele possa também arriscar a sorte em seus pitacos.
O humorista Bruno Mazzeo uma vez disse que existem duas coisas que o brasileiro acha que é: bom churrasqueiro e técnico de futebol, afinal, nós não nos contemos em dar palpite apenas em nosso próprio time, mas também gostamos de fazê-lo no time dos outros. =D E considerando que ao ligar a TV no horário de almoço teremos dezenas de canais com comentaristas esportivos das qualidades mais duvidosas possíveis, achamos que podemos fazer o mesmo, e na maior parte das vezes, repetindo as idéias daqueles que gozam de alguma credibilidade.
Mas eu te convido a me acompanhar em um análise um pouco mais profunda, e que a sua contribuição será bem-vinda se quiser deixar o seu comentário logo após o post:
O apostador profissional na sociedade do espetáculo
Um livro muito interessante, e também bastante complicado, mas que explica muito do nosso comportamento nesses tempos atuais é “A Sociedade do Espetáculo”, do escritor e pensador francês Guy Debord. Dentre as várias idéias interessantes que ele compartilha através do seu livro, uma delas chama bastante atenção:
Na sociedade do espetáculo, só é bom o que é visto. O que é visto é bom!
Isso explica, por exemplo, o porquê de idolatramos tanto ídolos do futebol, como Neymar, Cristiano Ronaldo, David Luiz; e vermos jovens adolescentes morrendo de amores por Justin Bieber, ou até mesmo ficando dias dormindo em uma fila para comprar um ingresso para o show de Demi Lovato, como aconteceu aqui na minha cidade, em Minas Gerais, ou, ainda, pagar R$800 para bater uma foto há alguns metros de distância de uma rockstar:
Percebemos que o espetáculo é proporcionado em sua maior parte pela mídia, que hoje não se limita apenas à televisão, mas também ao Youtube, blogs, Redes Sociais. Contando sempre com a colaboração do marketing e da propaganda, que utiliza todos os seus recursos para entrar em nossa psicologia causando estímulos desejantes que nos inclina constantemente a consumir não apenas produtos, mas também estilos de vida.
O apostador profissional sendo construído como imagem de status
Pense em quantos comerciais você já viu na vida. Quer uma ajuda? De acordo com a revista superinteressante, até os 60 anos você terá visto cerca de 2 milhões de anúncios apenas pela televisão. Uma média de 90 por dia que somam longas 16 mil horas. Se ler um livro por algumas horas é capaz de trazer mudanças significativas em seu comportamento, imagine então o que esses anúncios não fazem com nossa cabeça diariamente, não é mesmo? Você pode até não lembrar deles, mas não tenha dúvidas que eles deixaram algumas impressões gravadas em seu subconsciente.
Por isso, convido você a imaginar por alguns segundos qual é a imagem de um homem ideal em sua cabeça. Pense em todo o contexto, como ele é, a sua aparência, o que veste, aonde está e quem o acompanha. Claro que podemos discordar em alguns pontos nesse momento, mas saiba que ele muito provavelmente terá essas características:
- Será alto, branco e de cabelos lisos;
- Estará vestindo um terno muito bem cortado de acordo com as medidas do seu corpo;
- Terá um ótimo emprego e gozando de um invejável status social;
- Provavelmente estará dirigindo um belo carro indo em direção a alguma casa de praia;
- A mulher (coitada), como já se transformou em uma mercadoria, estará acompanhando esse homem, ela também será bela e “gostosa”;
- Ele poderá estar utilizando um relógio caro com o último celular da moda;
Veja que esse homem idealizado pode mudar um pouco de pessoa para pessoa, mas dificilmente ele será pobre, ou ainda terá uma “baranga” ao lado e – sem nenhum demérito a profissão – também não será um atendente do McDonalds.
A imagem idealizada do apostador profissional
Quem vai nos ajudar a responder essa pergunta é um brasileiro: o filósofo Norval Baitello Júnior, com o seu interessante conceito de iconofagia. Apenas pela palavra, conseguimos ter idéia do seu significado: iconofagia significa alimentar-se de imagens, ícones.
Veja que o presente praticamente não existe. Na verdade, nesse mesmo momento que você lê esse artigo, essa imagem de palavras pretas em fundo branco que foi captada pelos seus olhos e transmitidas pelo seu cérebro já tornou-se passado, pois precisam de alguns milissegundos para serem “transportadas”. Portanto, o nosso comportamento e visão de mundo são moldados por nossa memória construida ao longo de nossas vidas. Vamos absorvendo o mundo que nos cerca através de nossos olhos e experiências que se convertem em imagens, ou ainda pequenos filmes em nossas cabeças, e vamos nos alimentando dessas imagens que passaram, então, a se alimentar de nós mesmos, pois serão elas que vão ditar o nosso comportamento.
Entendeu a idéia? Como vivemos na tal sociedade do espetáculo explicada pelo Debord, e também sabemos que vivemos na sociedade do consumo, onde ter é mais importante (e também mais fácil) do que ser, a nossa imagem idealizada é formada de acordo com os padrões de consumo vigentes, é através do consumo que nos socializamos, é na esperança de comprar um carro que imaginamos que vamos conquistar finalmente o coração daquela gata de parar o trânsito. Enfim, como a imagem idealizada é na maior parte das vezes irreal, e está sempre mudando, pois hoje é legal termos o iPhone 4, mas amanhã será 0 iPhone 58647, haverá sempre uma distância entre o eu real e o eu ideal, e esse vazio gera uma angústia nessa busca louca de fugir do anonimato “cinzento e sem graça” de nossas vidas, para conquistar o nosso palco e termos finalmente a nossa plateia. Afinal: só é bom o que é visto, o que é visto é bom!
Não por menos, vemos o sucesso estrondoso do Facebook, que além de permitir que as pessoas estejam em contato com as outras, permite também o que para mim é mais importante: a possibilidade ilusória de torná-las celebridades, através do compartilhamento de fotos em lugares paradisíacos, baladas caras e bem frequentadas, enfim, basta você abrir o seu facebook nesse momento e certamente terá algumas dúzias de exemplos em sua tela.
Sabemos que para as pessoas mais velha a imagem de um apostador é algo que chega a dar até repulsa, afinal, quantos já não ouviram aquela história do avô que perdeu a fazenda em uma mesa de poker, ou ainda da amiga da sua mãe que era viciada em bingo e voltou a morar com a filha? Mas, para os jovens, a imagem do apostador está mais relacionada aquela formada nas mesas de Poker de Las Vegas, apostando altas quantias em Four de ases, usando óculos Ray Ban e sempre em boas e belas companhias.
O apostador e o mito de que somos especiais
Olha, eu não queria te decepcionar nesse momento, e espero que não fique bravo comigo, mas não somos especiais. :) rsrsrs Somos apenas poeira cósmica, em uma galáxia minúscula perante a imensidão do universo, estamos aqui pela convergência de inúmeras variáveis que nos permitiu “surgir do nada e ir para lugar nenhum”, e ainda com o sofrimento e a angústia de tentarmos (ou não) descobrir a razão disso tudo durante a nossa caminhada.
Mas, nós fomos criados acreditando que seríamos realmente especiais. Seja pelo mimo de nossas mães:
_Olha, Maria, olha como esse menino é esperto: 3 anos de idade e já enfia o crayon no nariz sozinho!
Ou ainda pelas propaganda que utilizam mulheres maravilhosas, cenários paradisíacos e jingles musicais que nos acertam no âmago de nossas almas, capazes de causar risos, lágrimas e todos os tipos de comoções. Claro! Explorando da imagem, da sensualidade, e de todos os recursos que a neurociência, psicologia, sociologia, e qualquer outra “ogia” possa lhe oferecer, para nos fazer acreditar de que, SIM, NÓS PODEMOS, NÓS SOMOS ÚNICOS, NÓS SOMOS ESPECIAIS. Para mim, uma das melhores propagandas já feitas é do perfume One Million, da Pacco Rabane, ele reúne bem o que quero dizer, preste atenção nas imagens e no impacto que elas são capazes de causar:
Logo, por nos acharmos especiais, achamos que a nossa genialidade ainda não reconhecida está muito além dos nossos cargos em nossos trabalhos, afinal, “se eu sou especial porque razão ainda não me tornei gerente dessa bagaça?”
Nesse momento, o trabalho convencional – que desde a revolução industrial vem perdendo o seu sentido – fica ainda mais frágil. Nós não aguentamos mais trabalhar em algo que não nos enobreça e nos faça sentir que o tempo está valendo a pena.
Como o trabalho sem sentido influencia no apostador
Se você é brasileiro conhece bem o efeito “musiquinha do fantástico” ou ainda, a depressão causada a muitos pelo bloco do “Futebol do Tadeu Schimdt”. Para os portugueses (que acessam bastante esse blog), saibam que esse é um programa de Domingo a noite, que em outras palavras significa que o seu fim de semana está acabando, e que amanhã uma entediante segunda-feira de trabalho que parece não ter fim estará te aguardando.
Por mais que digam que “o trabalho enobrece a alma”, “que dignifique o homem”, entre todos os outros chavões que vemos por aí, sejamos bem francos aqui: trabalhar com o que não se gosta é uma verdadeira tortura. E como poucas pessoas trabalham com o que gostam, o que vemos são pessoas que levantam de suas camas cedo, desejando que o dia passe logo, para que outro dia esvaziado de sentido comece, até que possa finalmente voltar a viver nos fins de semana. Não por menos, temos congestionamento às 18hrs de pessoas que anseiam logo para retornar aos seus lares, que vemos publicações de imagens gatinhos no Facebook dando “graças a Deus por hoje ser sexta-feira”, e por que também que o Happy Hour é sempre após o expediente, como se fosse impossível ser feliz enquanto se trabalha.
Lembra na escola, quando o seu professor insistia em colocar aquele filme, “chato e preto e branco que todo mundo dormia”, Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, para que você assistisse? Esse filme retrata bem as nossas realidades. Se antes nos reconhecíamos em nosso trabalho, hoje somos responsáveis por apenas uma parte dele, que não necessariamente reflete as nossas aptidões e interesse. Muitos de nós somos Chaplins modernos apertando as nossas porcas de maneira incessante em um trabalho fragmentado, buscando um sentindo para tudo isso.
O trabalho que antes já foi relacionado ao envolvimento íntimo de um artesão com o seu artesanato, do tecelão com o seu tecido, do escultor com a sua escultura, do carpinteiro com “o que quer que seja de madeira”, foi transformado por fragmentos de trabalho e pela busca incessante de metas que não significam nada a nós a não ser o enriquecimento de nossos patrões. Nunca estivemos tão distantes do objeto do nosso trabalho.
Veja que infelizmente, isso foi construído através do educação formal que recebemos. O caricato filósofo Clóvis de Barros, em uma de suas palestras nos revela bem sobre como o nosso sistema de educação nos ensina desde muito pequenos a perseguir essas metas, de acordo com ele: “cenouras na ponta do anzol”. Quando éramos bem pequenos, e estávamos no pré-primário, tínhamos o anseio de irmos para a 1ª série, sermos crianças de verdade, ao chegar na 1ª série vamos mastigando outra série de cenouras até chegarmos na 6ª, quando poderemos finalmente estudar de manhã e sermos adolescentes! Mais algumas cenouras se passam, agora a cenoura a ser mastigada é ir para o Ensino Médio, depois faculdade, depois se formar, depois ir para o mercado de trabalho. Quando finalmente acreditamos que vamos poder nos deliciar com a nossa última cenoura atual, vemos que muitas outras precisarão ser engolidas para chegar ao cargo que desejamos. Sempre haverão cenouras para serem mastigadas.
As nossas escolas guiam a sua grade de ensino considerando o que é interessante para a indústria e para a empresa, vamos dizer que somos adestrados para nos adequar ao mercado de trabalho atual. Basta você observar que pouquíssimas são as escolas que oferecem o estudo da Música. A Arte, por exemplo, só existe na grade pois é exigida pelo Ministério da Educação, e para cada uma dessas matérias temos 4 aulas de matemática, afinal o pensamento lógico é amplamente valorizado como atributo profissional. Portanto, existe aí uma chance muito grande do sistema de ensino ter matado o seu dom, assim como o meu, talvez você poderia ter sido um grande artista, ou um excelente músico! Nunca saberemos, afinal, não houve nada que nos estimulasse para essas direções.
E assim vamos andando: esvaziados da arte, e privados dos nossos verdadeiros desejos e dons, somos forçados a nos adaptar a uma realidade de trabalho que não nos faz o menor sentido, e nas palavras do próprio Clóvis: contando os dias para a chegada de um final de semana que separe a desgraça da semana anterior da desgraça da próxima semana.
Ok! Mas o que isso tudo tem a ver com o apostador?
No texto acima eu mostrei algumas peças do quebra-cabeça, agora iremos montá-lo:
A sociedade do espetáculo e a sociedade do consumo dita os nossos desejos, anseios e comportamentos, fazendo com que seja preenchida a nossa angústia através do consumismo para nos aproximar da nossa imagem idealizada: o eu ideal. A crença de que somos especiais torna o nosso trabalho vazio, sem significado e ainda mais torturante. E ao buscar maneiras de nos libertar, nesse momento as apostas surgem como uma excelente alternativa.
Considerando que vivemos em uma época que o empreendedorismo está em alta, além de sermos o país da bola, onde todos acreditamos ser técnicos de futebol, idealizar-se como um apostador profissional autônomo torna-se muito sedutor. É essa imagem que será, para muitos, uma maneira de finalmente se aproximar de todos os desejos renunciados ao longo de suas vidas.
Portanto, veja que a idéia desse artigo é justamente trazer a reflexão sobre o real desejo de se tornar um apostador profissional, para que você reflita se esse ele é legítimo, ou foi apenas algo inserido pelos diversos efeitos que analisamos aqui. Se após essa leitura, ao invés de você continuar com a gente e simplesmente fechar a janela, perderei um usuário, mas ficarei feliz em saber que talvez esse artigo estaria aproximando as pessoas pela busca de uma real liberdade.
Porém, caso você continue com a gente, terá a certeza de que se tornará um apostador mais consciente de tudo que o cerca, e poderá contar com um material honesto e de qualidade para começar a sua vida como apostador, ganhar uma graninha e poder ampliar o seu desenvolvimento para além das apostas.
Caso você esteja começando a apostar agora, visite a área “Como Apostar“ lá em cima, ou então faça o download do nosso Ebook de Apostas no Futebol, no canto superior direto dessa página.
Aguardo a sua opinião nos comentários aqui em baixo. ;)
Um forte abraço
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